terça-feira, 27 de dezembro de 2022

 

INFORMAÇÕES RESUMIDAS SOBRE O CULTIVO DO ALHO E DA CEBOLA

Por: Jean Kleber A. Mattos (Eng. Agrônomo)

As informações resumidas que estão em sequência derivam de nossa experiência pessoal com a cultura de hortaliças a partir de 1977.


Cultura do Alho (Allium sativum L.). Alliaceae (Amaryllidaceae).


A origem é o centro e sul da Ásia. É uma planta monocotiledônea acaule, raiz fasciculada profunda, caule tipo prato ou leco, pseudocaule composto de bainhas de folhas cujo limbo é aberto em “v”. Bulbo composto. Bulbilho de uma gema, amiláceo e aromático. Túnica e película. Não se encontram flores nem sementes. Teoricamente seria bienal para flor com dia longo para bulbo/dia curto para flor. O fotoperíodo é fator limitante e seleciona cultivares. Suporta geadas. Há interação c/ temperatura. A vernalização dos bulbos (3-4º C) com 70-80% UR, por 40-55 dias reduz o ciclo das cultivares tardias de 180 dias para 110 dias no campo. As cultivares precoces maturam o bulbo composto em 4 meses, as medias em 5 e as tardias em 6 meses. Planta-se no outono em Brasília. Os solos devem ter textura média de preferência. A calagem e a adubação NPK devem ser feitas conforme o resultado da análise de solo. Responde à adubação com micronutrientes, Zinco e Boro 4 e 2 kg/ha, incorporados ao adubo NPK. A adubação orgânica referência em geral é de 3 kg de esterco de curral curtido ou 1 kg de esterco de aviário curtido por metro quadrado de canteiro. A propagação é feita com os bulbilhos sadios (sem nematoides Ditylenchus dipsaci) de 1g de peso ou mais. O plantio pode ser manual ou mecanizado. O espaçamento é de 20-25cm X 7-10 cm. Canteiros de 2-3 fileiras. O controle de invasoras tem período crítico de 100 dias, sendo os 30 dias iniciais, mais críticos. Pode-se utilizar controle químico (herbicidas de pré e pós plantio). Como anomalias fisiológicas temos o “Superbrotamento”, consequência de muito nitrogênio e muita água em cultivar precoce. A cobertura morta do solo pode ser feita com palha de arroz, por exemplo. Isso resulta em economia de água, menor flutuação da temperatura e controle de invasoras. Como pragas e doenças principais temos podridão de Sclerotium (Sclerotium spp.- fungo), nematóide do cochamento (Ditylenchus dipsaci), tripes (Thrips tabaci - inseto sugador), mancha púrpura (Alternaria porri – fungo de verão) e ferrugem (Puccinia allii- fungo de inverno). A colheita se dá geralmente aos 110-150 dias do plantio, quando ocorre o “estalo”(início da seca generalizada da folhagem). A produtividade vai de 8 a 13 T/ha. Após a colheita faz-se uma cura de campo ao sol 2 a 3 dias, seguida de uma cura de galpão por 30 dias..


Cultura da cebola de cabeça (Allium cepa L.) Alliaceae (Amaryllidaceae).


A origem é a Ásia Central. A planta é acaule, bulbosa (bulbo tunicado), raiz fasciculada, folhas fechadas (secção circular). Caule tipo prato ou disco. O produto olerícola é um bulbo tunicado formado por bainhas carnosas da folhas. As folhas também podem ser consumidas como tempero. Flores hermafroditas em umbela simples. O fruto é uma cápsula trilocular com duas sementes por lóculo. Ocorre protandría. A polinização é entomófila, incluindo visitas de Apis melífera e moscas.

Interação ambiental: a produção de bulbo e de flores depende da combinação entre temperatura e fotoperíodo segundo Mascarenhas (1980):

 

 

 

Temperatura

 

 

Abaixo do valor crítico

Acima do valor crítico

 

 

Bulbo

Flor

Bulbo

Flor

Comprimento do dia

Abaixo do valor crítico

NÃO

SIM(*)

NÃO

SIM

Acima do valor crítico

SIM

SIM

SIM

NÃO

(*) Florescimento intenso. Fora do campo, a vernalização dos bulbos e seu replantio, resulta em plantas que florescem rapidamente. Importante isso, para a produção de sementes.


O plantio no Centro Oeste e Centro Sul, é feito em geral a fevereiro (cultivares precoces) a abril (cultivares de ciclo médio). O ciclo é variável 4 a 5,9 meses, conforme a cultivar. As cultivares definem-se pelo ciclo produtivo de bulbos: Precoces (4,0 a 4,9 meses)- Ciclo médio (5,0 a 5,9 meses) Tardias (acima de 6 meses – estas só para o sul do Brasil)- A propagação se dá por sementes, 2,0 a 5,0 g/m2. No ponto de transplante a planta deve apresentar, pelo menos 20 cm de altura e diâmetro médio de 0,5 cm. O atingir deste ponto varia em número de dias conforme a região. Em Pernambuco ocorre aos 30 dias da emergência. Em Brasília, aos 60 dias. No Sul, aos 90 dias. O espaçamento no campo é 35 x 15 cm em média. Os solos devem ter textura média de preferência. A adubação NPK é feita conforme o resultado da análise de solo. A adubação orgânica referência em geral é de 3 kg de esterco de curral curtido ou 1 kg de esterco de aviário curtido por metro quadrado de canteiro. Os tratos culturais são: irrigação, controle de plantas invasoras que pode ser manual ou químico (herbicidas). Necessária atenção a pragas e doenças: Tripes  (Thrips tabaci- inseto). Mancha Púrpura (Alternaria porri - fungo), Mofo Cinzento (Botrytis cinérea- fungo), míldio (Peronospora destructor- fungo), ferrugem (Puccinia allii- fungo) e Mal-das-sete-voltas ou antracnose (Colletotrichum gloeosporioides f. sp. cepae - fungo). Podridão das raízes (Ditylenchus dipsaci- nematoide), podridão branca (Sclerotium cepivorum- fungo) e podridão de bulbos (S. rolfsii - fungo). A colheita é feita quando ocorre o “estalo”(início da seca generalizada da folhagem), em torno de 04 meses. Neste momento, suspender a irrigação. A produtividade varia de 15 a 20 T/ha de bulbos. Após a colheita vem a cura: por dois dias ao sol, no canteiro, com os bulbos após o arranquio, protegidos do sol pela própria folhagem da cultura. Depois vem a cura de galpão, por várias semanas em galpão seco e sombreado até que a película externa do bulbo comece a secar e se desprender.

Referência
MASCARENHAS, M. H. T. Origem e botânica da cebola. Inf Agropec, v. 6, n. 62, p. 15-16, 1980.